Por João Vitor da Silva
No dia 29 de abril de 2024, acadêmicos da terceira fase do curso de Produção Multimídia tiveram a oportunidade de conversar e aprender sobre UX Design e Heurística de Nielsen com duas profissionais especialistas na área. A conversa foi mediada pela professora Claudia Crepaldi e ocorreu via Google Meet, durante a aula da disciplina Web Design.
Paola Lescura é apaixonada por transformar positivamente a experiência de uso dos meios digitais e, produzindo conteúdo focado nessa área, é considerada uma “Top Voice” do Linkedin. Há três anos, fundou a Lab Culture, estúdio de design com foco em experiência do usuário e junto com sua sócia, Carolina Bessa (também profissional e criadora de conteúdo da área), conversaram com graduandos de Produção Multimídia sobre a Heurística de Nielsen, importante assunto para buscar as melhores práticas de UX design.
Para começar, Paola trouxe aos alunos uma explanação dessas tais heurísticas, tal como suas origens. Pensadas por um dos maiores nomes e pioneiros no estudo das melhores práticas para tornar a “internet muito fácil de usar”, Jackob Nielsen, elas se referem a processos mentais simples, porém muito eficazes na hora de tomar alguma decisão.
De forma geral, são preocupações que, quando levadas em consideração, guiam o profissional ao caminho mais efetivo para seus usuários. Ajudam a responder perguntas como “esse botão deve ser vermelho ou verde?”, ou ainda “após o usuário concluir essa etapa, o que deve acontecer?” e são especialmente efetivas quando há uma falta de dados reais, no momento que os usuários ainda não estão, de fato, utilizando a página, site ou aplicativo.
As 10 heurísticas de Nielsen
Após breve introdução ao tema, as profissionais expuseram, de maneira didática e utilizando exemplos práticos, a que se refere cada uma dessas 10 heurísticas de Nielsen e qual a maior utilidade de cada.
Abaixo, segue um rápido resumo do que foi explanado aos acadêmicos para essa explicação:
1 - Visibilidade do status do sistema
Manter os usuários informados sobre o que está acontecendo é essencial! A fim de evitar confusão ou até mesmo uma frustração desnecessária, fornecer feedbacks visuais e claros sobre o êxito (ou não) de suas ações é necessário.
Ótimas formas para fazer isso é utilizar uma “barrinha de progresso” ou até mesmo um simples balão de “concluído com sucesso” a cada etapa realizada pelo usuário.
2 - Compatibilidade entre o sistema e o mundo real
O usuário já está familiarizado com os elementos do mundo real e, de acordo com essa heurísticas, você deve se aproveitar disso.
Além de priorizar uma linguagem familiar e de fácil compreensão, aqui é hora utilizar metáforas e convenções que sejam de conhecimento comum de quem vai utilizar sua página.
Ícones de lixeira para indicar onde excluir algo e o padrão do uso de vermelho para atenção ou “pare” são bons exemplos disso (trocar o cotidiano do verde e vermelho no semáforo pode parecer inofensivo, mas vai gerar muita confusão!
3 - Controle e liberdade para a pessoa usuária
Você precisa dar poder e autonomia total ao seu usuário (ou pelo menos, fazer ele acreditar que possui essa liberdade).
Ele vai ficar muito tranquilo ao perceber que pode desfazer uma ação indesejada, corrigir um erro ou mesmo apagar alguma informação fornecida de maneira fácil e sem grandes bloqueios.
Para isso, é ideal que o uso seja de fácil exploração e feito à medida que o usuário preferir. Além disso, priorize uma experiência o mais personalizável possível!
4 - Consistência e padronização
Mudanças repentinas e aleatórias, sem significado e que fujam do padrão já conhecido, vão apenas gerar confusão e assustar seus usuários.
Para evitar isso, mantenha o mesmo texto em botões que façam uma mesma ação e mantenha um padrão de “como baixar” para todos os materiais, por exemplo.
Ainda, mantenha uma constância visual o tempo todo! Siga a identidade visual utilizando as mesmas cores e com ícones que conversem entre si.
5 - Prevenção de erros
Ter uma taxa de erro 0 para todos os seus usuários é impossível, mas você deve tentar chegar o mais perto disso possível.
É importante ser bem claro nas instruções, mesmo que às vezes pareça um pouco redundante (pense que é melhor pecar pelo excesso).
Além de explicitar detalhadamente o motivo de algum possível erro (“e-mail inválido” no exemplo abaixo), adicione caixas de confirmação em ações que possam gerar arrependimento, principalmente nas irreversíveis.
6 - Reconhecimento em vez de memorização
Para seguir essa heurística, você deve priorizar o reconhecimento e a entrega de informações constantes e não confiar apenas na memória do usuário.
Aqui, siga o exemplo da história de “João de Maria” e deixe migalhas ao longo do caminho; no seu caso, deixe visível o trajeto utilizado pelo usuário e permita-o voltar para qualquer das etapas anteriores.
Além disso, em barras de pesquisa por exemplo, forneça opções que completem o que está sendo procurado por ele e que façam sentido com sua jornada.
7 - Eficiência e flexibilidade de uso
Muitos usuários já estão acostumados com diversos atalhos e não querem dedicar um longo tempo para uma ação simples. Deixe eles fazerem isso!
Além de organizar as informações fornecidas e evitar excessos, garanta que seu sistema se comunique e evite ações repetitivas desnecessárias.
Você também pode permitir o uso de atalhos, inserir filtros importantes nas ferramentas de pesquisa e inserir botões “selecionar e aplicar em todos”.
8 - Estética e design minimalista
De maneira simples e rápida, você deve colocar em prática a filosofia do “menos é mais”!
Claro, o seu foco continua sendo a funcionalidade da página, mas isso não quer dizer que você deve abrir mão da beleza. Pelo contrário, um “design feio” vai prejudicar a experiência dos usuários, como dificultar achar ações importantes e confundir quem estiver utilizando.
Evite excesso de informações, priorize a simplicidade e utilize sempre cores e fontes harmônicas e sem excessos.
9 - Ajude as pessoas a reconhecerem, diagnosticarem e recuperarem-se de erros
Aqui, temos um complemento da heurística 5 (prevenção de erros). Inevitavelmente, alguns erros vão acontecer, e você precisa fornecer todo o suporte necessário quando isso ocorrer!
Não utilize mensagens de informe de erros genéricos, com “erros desconhecidos”. Diga precisamente qual erro ocorreu e quais os próximos passos para o usuários lidar com ele.
Forneça feedbacks claros e concisos sobre o que ocorreu e o que deve ser. Lembre-se que o usuário pode estar confuso e precisando de instruções precisas!
10- Ajuda e documentação
Tenha sempre um canal de suporte especializado à disposição para, quando seu usuário precisar desse apoio, acesse com facilidade.
Além de uma “central de ajuda” contendo todas as dúvidas mais comuns juntamente de como resolver elas, disponibilize também um canal de contato direto entre seus usuários e sua equipe.
Lembre-se que, às vezes, um contato humano vai ser necessário!
Conclusão
Por fim, as especialistas abriram um momento de perguntas e respostas, no qual os acadêmicos expuseram suas dúvidas sobre o que foi exposto.
A turma da terceira fase do curso de PRM agradece imensamente a Paola e Carolina por esse momento de troca de conhecimento e sua disponibilidade para futuros contatos. Além disso, elogia a didática e a maneira dinâmica pela qual a aula foi conduzida.
Foi um momento muito enriquecedor para os graduandos, que com certeza utilizarão o conhecimento exposto em seu futuro profissional.
Trazer profissionais ativos no mercado têm sido uma experiência muito enriquecedora para a sala de aula!